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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sonho

Um fragmento de luz
numa fotografia.
O prendi,
por noites e dias.
E esse feixe ainda se fez presente,
num longo rastro cognoscente.
Sonhei que ela, a luz da foto, me arrastava
para o subconsciente,
e que como uma vela me mostrava,
monstros e serpentes.
Quiz ela me arrastar mais ao fundo,
e me vi num labirinto
cercados por paredes,
de um lado essa parede era meu pai,
do outro ela tinha os aspectos de minha mãe,
era fresca como uma pera,
daí rasguei a fotografia, a luz virou pó
e eu morri acordando-me.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Outono índio...abril despedaçado.

Deus vivia nu
a bronzear-se nas praieiras terras do sul.
Proseava com toda gente,
bororos, guaicurus...

E sem maldade,
todo o povo lhe comunicava,
de seus banhos, ritos e caças.

Um dia Ele partiu.
Disse que ia amansar outros povos,
e sumiu.

Após longo tempo passado,
se descobriu que Ele fora crucifixado
por homens letrados, assaz sofisticados.

E nas florestas do sul,
esse conto ainda ecoa.
E Urutau, em seu minarete de pau,
é quem o entoa.



domingo, 19 de abril de 2015

Observando flores

Pode uma flor tornar-se metáfora.
Pode ela ser o que desejas.
Sobretudo, o nada, dos que não a vê.

Pode a pétala ser um toldo,
a cobrir de sombra, um minúsculo besouro,
ou o alimento, de um enorme touro.

Pode uma pétala, dessa flor, ser um todo
Prenhe de sentidos indizíveis.
Pode a pétala da flor ser a guardiã, um embrulho, de fina essência.

Não sei do que se trata a cor da flor,
a depender dos olhos que toca na luz dela,
poderá se negra, branca, morena ou amarela.

Mas assim, distante das pétalas, e dos perfumes ocultos,
esse meu pensar se encerra,
no desenrolar dessa poesia, que apenas floreia.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Crepúsculo contemporâneo.

A força fôrça a fossa,
destrambelhada como outrora,
marcando no sino da ignorância
o fosco eco das panelas cheias de misérias.

Mais uma vez aquele aceno,
que espalha ao ar,
a apetitosa ignorância do veneno,              .

E as pessoas padronizadas,
tal qual os arquétipos das histórias ocidentais,
se 'esfas-falham' nas finas camadas de pinche.

Enquanto isso, no mais alto da tarde,
as partes de uma janela se fecham,
como se fossem movidas a Sol.
Esvai o dia, disso-luto em turva luz.