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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O desenterro.

Ele, um alguém qualquer, um dia pronunciou algumas palavras para dizer que nada ia dizer.
Nada, acerca do desenterro da cabra Mafalda, filha alva do bode Nestor, um modelo de bode.
De tão vistoso, Nestor tornou-se um modelo a figurar as capas de livros pseudo secretos, acerca de ritos      ma-cabros.
Porem, como dizia alguém, que talvez seja um 'eu', Mafalda era boa cabra, e por um infortunio,morrerá virgem ao cair de um penhasco lá pelas bandas de Descercado,um des-vilarejo, onde morava apenas os remanescentes do antigo vilarejo de Pedra Cercada, que tinha esse nome por ser uma ilha de solo barroso e muito duro em tempos de seca, e la pelos meados do século passado, Pedra Cercada, por razão da construção de uma usina nuclear, fora des-povoada por uma pretensa "razão de segurança publica", porem, uma vez mais porem, alguns nativos preferiram correr os riscos de uma possivel contaminação, e ali permaneceram, clandestinamente, as "escondidas".
E, voltando ao tragico destino de Mafalda, o qual já se contava alguns meses, meses pelos quais alguém notou um forte traço de tristeza em Nestor, que havia reduzido consideravelmente suas traquinagens de bode saudável, e nisso os troncos que sustentavam os galhos já se revestiam de grossa casca, e nenhuma dentada ou chifradas os incomodavam, pelos menos não até os dias que passaram após o desenterro.
Sim, o desenterro foi a alternativa pensada por Alguém para servir de animação a Nestor, pois pensava alguém que algum traço do cheiro de Mafalda ainda quando vivia, restava nos amontoados que se configuravam, suspeitosamente, em seus restos mortais, em sua cadavérica metamorfose.
E la foi Alguém, com picareta, enxada e pá em uma das mãos que pressionavam-lhe ao peito as ferramentas, e na outra, uma corda que se encompridava até o pescoço de Nestor, o qual era cuidosamente puxado por Alguém. E lá, perto da cerca que cercava a Usina, o desenterro começará, era la o lugar onde Mafalda fora enterrada, e após amarrar Nestor na cerca, jogar ao chão as ferramentas, Alguém preferiu começar o trabalho usando a picareta, e lá se foram vários golpes e algumas gotas de transpiração, e Nestor olhava aquilo sem muita compreensão do acontecido, mas julgava ser algo importante o que alguém fazia, pois nunca na vida de nestor Alguém o havia amarrado uma corda e o conduzida para um lugar tão distante, como se quisesse que visse algo especial.
E apos perfurar uns dois covados, Alguém decide que é hora de usar a pá e abrir caminho para retirar o cadáver, e nesse momento ficou claro aos olhos, o saco preto que envolvia o corpo de Mafalda, e então Alguém ajoelhou-se para agarrar e tira-lo de uma vez, em um  ligeiro movimento, o tal corpo, e nesse instante o peso de Mafalda lhe pareceu o mesmo do dia da morte da cabra, e isso meio que o inculcou, mas não o sulficiente para inspirar-lhe uma teoria acerca do peso dos corpos.
Porem, ao desenssacar a cabra uma notável surpresa enebriou os olhos de Alguém e de Nestor, um brilho de olhar vivo irradiava dos olhos de Mafalda, que ainda se conservava tal qual era quando a cabra ainda era algo vivo, e nesse interim de desenssacar e olhar , Alguém correu e Nestor morreu.