Translate

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Adultérios

A musica sai da alma, ganha o cérebro,
se treme até aos ouvidos, desgrudando-se,
sai ela orelha a fora e ganha a visão...

Percorre o tato do tocador e adentra as entranhas
do instrumento que a traduz ao cosmos que guarda
anjos, arcanjos  deuses e demônios, o silêncio ganha altura.

E reconduz-se novamente aos corpos que a guardam como almas próprias,
ainda pneumática, etérea musa, incerta de ser assim ou assado, num para-além sem lados,
virgulas ou colcheias, sem tal qual, convenhamos, a beleza chega como a morte, sem cerimônias.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pequeno ao ar.

Um cão alado beira a eira do meu telhado, rosna e expurga sua pulgas.
Os caras de sapatos não o podem chutar, e por isso grunem como ienas.
As minas passam e miam a alquimia dos feromônios capitalizados em essências da Victoria Secret.

E o cão vai, voa para mais além, e todos vêem suas chagas sangrarem aos céus.
E como uma borboleta ele voa, bela e suavemente vai o canidio de asas, a sobrevoar
a América do Sul, seus carrapatos caem de vertigem das alturas, e cá embaixo os abutres gargalham.

O cão baila um balé desconcertante, nada mais voa, apenas ele plaina na vastidão.
E de repente ele retorna para a eira, ergue sua pata traseira e demarca seu território,
recolhe suas plumas e assenta seu traseiro no quintal recoberto por folhas e se põe a coçar a orelha.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Manhã noturna

O vento, o hálito que o sol emana sobre o vácuo
que nos acolhe, onde nossa órbita gira sem empecilho algum.
E assim meus olhos se inundam para seguir o seu passar quase invisível.

O globo, o olho transvolto em si, para ti, paira num céu azul de chuva por vir.
A luz fresca do sol brilhante em dia de goticúlas quentes se abre
em um céu poente de garças, que vão dormir nas galhas.

E o rio em chuva, se enche de agua escura, e para dentro de mim
tudo se nubla em madrugada sem aurora, em eterna penumbra saída de escura noite.
O instante se faz eterno, perene e universal, e nisso lágrima alguma cai, e nada espanta a apatia.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Aporia

Isso era aquilo até transformar-se nisso.
E nisso ficou aquilo sendo isso.
Porém aquilo vindo a ser isso findou-se nisso que viria a ser coisa alguma.

Entretanto eram tantos sendo coisa alguma
que alguma coisa ficou entre o Ser  e o em ser uma coisa qualquer,
indefinidamente desprovida de identificação.

Mas nisso, não lhe enviavam dedos declaratórios
e nem proposições desconstrucionistas de desconstruções já construídas.
E era triste ser qualquer coisa indefinida mas de alguma coisa provida.

E nisso, coisa alguma acontecia e se acometia de silenciosa calmaria.
E isso era o fato transitório do invólucro peremptório do seu universo.
Mas aquilo, de tão sem massa, métrica ou quilo deixou o pesar, e cessou o seu pensar.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Devaneio (A)cidental...

Fim de mundo, de algun dos mundos impossiveis para uma razão sulficiente, mas nada disso findaria o absurdo
de ser o desconhecido o fermento do conhecimento,
milagre grego em cerebros troianos, lamaçal de cefálias nórdicas
em cuia de tupinambás.

Esse mar negro que fica azul para além da aurora,
esse destino do esférico resplandescente que inventa o arvorecer,
e aos seus pés o eu atomo em efeitos catastróficos, reluz a alquimia
das fontes embebida em musculos e ossos consaguinados a Géia.