O nascente sol de uns
é o poente sol de outros,
a história muda
pra começar algo de novo.
Transcorrido um velho intento,
na laboriosa via da terra,
o correr do tempo
a tudo enterra.
Mas o canto é passado,
de galho em galho,
pássaro a pássaro,
nos primeiros e nos últimos raios.
Somos a mesma respiração,
do primeiro som de sol a estalar
no mato a antiga canção,
de vento iluminado no dourado a verdejar.
A pestana protege o globo do teu olhar.
O globo te livra do infinito negrume do ar,
e a luz em tua memória
não te deixa temer ausente aurora.
Pouca gente lembra
do porque crê
que o sol,
irá reaparecer.
O pássaro não tem tanta certeza,
por isso canta quando a luz chega,
canta quando ela se vai, como se se pusesse a lamentar
dizendo, que amanhã irá melhorar.
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sexta-feira, 26 de junho de 2015
quarta-feira, 17 de junho de 2015
Rio das dores
O rio está lá
mesmo que por ele
nada se dá.
Por mais que a selvageria das cidades o estrangule,
por mais que o atraso das sociedades por onde ele passe
o transforme na extensão de uma existência lixo,
ele continua gentilmente a banhar os corpos, a cozer o presente.
O mesmo rio que durante séculos vem sendo expropriado de suas areias
cotidianamente lavadas em seus milenares milésimos de fluidez,
para que se ergam a aparência urbana da sofisticação falaciosa,
não ganhou o devido respeito de redes integrais de tratamento.
E a imundície humana se introjeta em sua águas,
como vírus mortífero, destroçando seus leitos, sua clareza,
seu 'quê' de aquário.
De forma voraz, em nome do progresso de uns poucos latifundiários,
de alguns industriários e de uma letárgica massa alienada em sê-lós,
morre o rio, pela via vil dos projetos da administração pública,
dos desvios de fluxo, da exploração dessas terras, daquelas gentes, desses rios,
das fontes que se esgotam na comunhão corrupta estabelecida por aqui
sob a mascara do estado truculento que somos nós.
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