Fui um pássaro em Istambul
era um franzino falcão negro e azul.
Fui naja no Egito,
era uma escamosa cobra do Nilo.
Fui gato na Pérsia,
era pardo e listrado nas pernas.
Fui também ninguém,
era nada e vivia no além.
Fui tolo de ouro,
era um ambicioso judeu-mouro.
Fui corrente d'água,
era cristalina e delgada.
Fui vulcão em erupção,
era ruidoso como trovão.
Fui cantor em Andaluzia,
era o amor de uma dançarina.
Fui indiano em Portugal,
era do rei um nobre serviçal.
Fui selva fechada,
era escura, fria e solitária.
Fui moita de guatambu,
era o preferido dos índios do sul.
Fui Samaúma,
era encarregada de florar as alturas.
Fui todas as eras dos sonhos infantis que se acham perdidas em algum canto de ser homem.
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